As camisolas amarelas não passam despercebidas. São milhares os voluntários que estão a colaborar com a organização da Jornada Mundial da Juventude. Vêm de diferentes regiões do país e alguns até do outro lado do mundo. Apesar das diferentes idades, culturas e idiomas, todos concordam que o espírito de quem está a trabalhar para o evento e a receber os peregrinos é de festa e de partilha. E não duvidam que a JMJ de Lisboa pode mostrar que a Igreja Católica em Portugal também é símbolo de "respeito" e de "união".
A jornada começou, oficialmente, na terça-feira. Mas para quem está a colaborar a realização do evento, o trabalho já começou há mais tempo. Ainda assim, os voluntários relatam a experiência como “incrível” e um ambiente “de festa”.
De Ferreira do Alentejo, Ana Carla veio sozinha para se juntar à organização e trabalhar na JMJ 2023. Aos 59 anos, é a primeira vez que participa numa Jornada Mundial da Juventude e nem a idade que o cartão de cidadão indica ter a desmotivou para trabalhar com outros voluntários, na sua maioria, mais novos.
Sentada na relva com outros cinco voluntários de gerações, enquanto aguardava pelo início da Missa de Abertura no Parque Eduardo VII, Ana Carla declarou sentir-se “completamente inebriada (…) com esta juventude”.
Estes jovens com quem tem partilhado os dias, o trabalho e as experiências “são incríveis”, expressou com orgulho. Considerando que é um encontro de gerações, a voluntária manifestou um sentimento “maternal”, porque é “mais velha” do que a maioria.
“Sinto-me muito maternal com eles. São todos extraordinários”, disse à RTP, frisando que “não era assim como eles são quando era jovem”.
“Todos os jovens que eu conheci são brilhantes”.
De outra geração, mas a colaborar no mesmo grupo, Daniela contou que assim que soube da realização da JMJ em Lisboa decidiu que ia participar. Sendo de Vagos, de “uma paróquia pequenina, bastante religiosa, com muita gente na catequese”, pensou inicialmente participar como peregrina.
Mas este ano, depois de ter entrado na faculdade em Lisboa, pensou que podia “ajudar de uma maneira diferente das pessoas que não são de cá”, uma vez que já conhece a cidade que recebe os milhares de peregrinos.
“Pensei: por que não ser voluntária? Também vai ser uma experiência gira. E realmente está a ser uma experiência incrível”, afirmou a jovem de 19 anos.
“Estou a conhecer imensa gente de todas as partes do país, de todas as partes do mundo. E é realmente uma experiência muito motivadora porque percebemos que há jovens com a mesma fé que nós”, continuou. “Percebemos que são jovens com vontade de mostrar que estamos aqui”.
É a primeira vez como voluntária e como peregrina – e considera-se “ambas” – e não tem qualquer dúvida de que vai voltar a participar numa jornada, seja em que país for.
“Acho que vai ser uma experiência muito gira”, porque “agora temos a jornada em Portugal e de certeza que todos os jovens portugueses vão querer ir a mais jornadas noutros países”, porque é uma forma de “nos juntarmos ao papa” mas também “de conhecermos outras partes do mundo”.
Enquanto voluntária, lamenta que nem toda a gente possa estar presente nos momentos em que o papa Francisco marcar presença, mas garante que quem está nesta organização tudo fará “para que toda a gente consiga ver o papa”, nem que seja pela televisão.
“Ser voluntário é muito bom, é muito cansaço também”, confessou, rindo-se. "Já estamos aqui há uma semana”, acrescentou.
Mas apesar do cansaço de quem já está há mais tempo a trabalhar na organização do evento, a garantia é de que o “espirito muito bom” no alojamento dos voluntários.
“Há sempre gente a cantar, orações à noite, pessoal da nossa idade que partilha experiências (…) porque todos nós temos histórias diferentes, todos nós temos experiências de vida diferentes”.
“São experiências muito boas e que eu acho que é tão bom partilhar com outras pessoas. Até para percebermos que não estamos sozinhos”.
Ambiente de festa é também como descreve Maria Perez o voluntariado na JMJ. De Porto Rico, mas a viver em Portugal, a voluntária de 40 anos pediu férias este ano para poder colaborar na jornada.
Com uma expressão de alegria no rosto, admitiu sentir-se emocionada por poder voltar a participar na JMJ neste “país precioso, neste lugar precioso”. É a terceira jornadaem que participa – e a primeira em que é voluntária – mas garante que “cada evento é especial” e lhe transmite sempre “muita emoção”.
Comprometeu-se com este desafio porque no voluntariado encontra “alegria e Deus” e porque quer “viver a alegria e a fé católica”.
“Fomos recebidos muito bem, estamos a divertir-nos muito, e estamos em festa”, admitiu ainda.
Entre polémicas, Igreja pode ser “símbolo de amor e respeito”
Lisboa é palco da Jornada Mundial da Juventude e, embora o ambiente entre os participantes que enchem a cidade seja de alegria, há quem não se esqueça de temas mais polémicos da Igreja Católica em Portugal, como as denúncias de casos de abusos sexuais a menores. Mas a esperança de que a JMJ deste ano possa mudar a imagem que muitos portugueses têm da Igreja é transversal a todos.
“É bom que este evento demonstre que a Igreja Católica não é só estas polémicas que tem havido ultimamente”, afirmou Afonso, de 19 anos.
Para o voluntário que veio de Faro para a JMJ, a Igreja “também é um símbolo de amor e de respeito uns pelos outros”.
“Acho que a Igreja Católica não é só estas polémicas. Estas polémicas são uma minoria que representa a corrupção que há em qualquer instituição”, quis deixar claro. “Portanto, espero que isto demonstre que a Igreja Católica é muito mais o que isso e que é para representar a união de todos os católicos e cristão no mundo”.
No grupo de voluntários a que pertencem Ana Carla e Daniela era notória a lamentação pela imagem que alguns apontam à instituição e a quem se assume católico. Todavia, ninguém tem dúvidas de que este evento pode mostrar o outro lado da Igreja.
Ana Carla reconheceu que a Igreja Católica “tem tido uma imagem muito má nos últimos anos” e que “provavelmente tem culpa”. Acredita, contudo, que “todos mudamos”.
“A Igreja é composta por seres humanos e eu acredito que houve uma profunda mudança na Igreja e que, neste momento, (…) está muito rica de amor e de alegria e de ecologia”, afirmou com manifesto entusiasmo.
Para esta voluntária da geração de 1960, “vale muito a pena” as pessoas deixarem-se de levar pelo espírito que se vive na jornada. “Porque faz uma vida alegre, ficamos felizes, ficamos construtivos, criamos um mundo melhor, somos melhores para os nossos familiares, somos melhores para os desconhecidos”, explicou.
Quando na véspera da JMJ viu, na fila para o café, o cardeal patriarca D. Manuel Clemente, Ana Clara emocionou-se. Em vésperas de ver o papa Francisco, não esconde que espera reagir de forma semelhante.
“O que quero dizer com isto é que há efetivamente alguma coisa nessas pessoas que é muito transcendente, que nos contamina, que nos comove”, argumentou, repetindo que acredita que quando os presente virem Francisco “vai haver muita choradeira, muitas emoções, vai ser muito intenso”.
Já Daniela considera que “é mais complicado” os jovens se assumirem como “jovens católicos” em Portugal, hoje em dia.
“Apesar de todas as críticas, mantemo-nos fortes e mantemo-nos com a fé de que vai correr tudo bem e de que vai ser uma experiência incrível para toda a gente”, frisou.
Lisboa é palco da Jornada Mundial da Juventude e, embora o ambiente entre os participantes que enchem a cidade seja de alegria, há quem não se esqueça de temas mais polémicos da Igreja Católica em Portugal, como as denúncias de casos de abusos sexuais a menores. Mas a esperança de que a JMJ deste ano possa mudar a imagem que muitos portugueses têm da Igreja é transversal a todos.
“É bom que este evento demonstre que a Igreja Católica não é só estas polémicas que tem havido ultimamente”, afirmou Afonso, de 19 anos.
Para o voluntário que veio de Faro para a JMJ, a Igreja “também é um símbolo de amor e de respeito uns pelos outros”.
“Acho que a Igreja Católica não é só estas polémicas. Estas polémicas são uma minoria que representa a corrupção que há em qualquer instituição”, quis deixar claro. “Portanto, espero que isto demonstre que a Igreja Católica é muito mais o que isso e que é para representar a união de todos os católicos e cristão no mundo”.
No grupo de voluntários a que pertencem Ana Carla e Daniela era notória a lamentação pela imagem que alguns apontam à instituição e a quem se assume católico. Todavia, ninguém tem dúvidas de que este evento pode mostrar o outro lado da Igreja.
Ana Carla reconheceu que a Igreja Católica “tem tido uma imagem muito má nos últimos anos” e que “provavelmente tem culpa”. Acredita, contudo, que “todos mudamos”.
“A Igreja é composta por seres humanos e eu acredito que houve uma profunda mudança na Igreja e que, neste momento, (…) está muito rica de amor e de alegria e de ecologia”, afirmou com manifesto entusiasmo.
Para esta voluntária da geração de 1960, “vale muito a pena” as pessoas deixarem-se de levar pelo espírito que se vive na jornada. “Porque faz uma vida alegre, ficamos felizes, ficamos construtivos, criamos um mundo melhor, somos melhores para os nossos familiares, somos melhores para os desconhecidos”, explicou.
Quando na véspera da JMJ viu, na fila para o café, o cardeal patriarca D. Manuel Clemente, Ana Clara emocionou-se. Em vésperas de ver o papa Francisco, não esconde que espera reagir de forma semelhante.
“O que quero dizer com isto é que há efetivamente alguma coisa nessas pessoas que é muito transcendente, que nos contamina, que nos comove”, argumentou, repetindo que acredita que quando os presente virem Francisco “vai haver muita choradeira, muitas emoções, vai ser muito intenso”.
Já Daniela considera que “é mais complicado” os jovens se assumirem como “jovens católicos” em Portugal, hoje em dia.
“Apesar de todas as críticas, mantemo-nos fortes e mantemo-nos com a fé de que vai correr tudo bem e de que vai ser uma experiência incrível para toda a gente”, frisou.